segunda-feira, maio 05, 2008

vernissage no guggenheim


Foi às 6h00, inauguração da exposição "Freisteller" (termo usado em fotografia e impressão, que significa "libertar" um elemento do seu fundo e introduzi-lo noutra imagem) que reflecte o trabalho de 4 artistas - Dani Gal, Julia Schmidt, Asli Sungu e Clemens von Wedemeyer (deu uma conferência no mês passado no CAM, onde tinha dois videos) - durante os 3 primeiros meses da sua estadia em Villa Romana, Florença, com uma bolsa de 10 meses.
Numa inauguração é sempre difícil apreciar condignamente as peças expostas e isso foi particularmente prejudicial aos trabalhos de Dani Gal, por serem instalações em que a imagem e o som estão separados.
Julia Schmidt recolhe imagens de revistas e internet, escolhe fragmentos que depois transforma em telas.
Os videos da Asli Sungu "Faulty", são de uma enorme frescura: ela é filmada em tarefas caseiras e, em off, a voz de um especialista nessa área vai orientando o seu trabalho, dizendo o que ela está a fazer mal e como deve fazer bem, como seja cortar legumes (cozinheiro), lavar os dentes (especialista em higiene dentária), passar a ferro (técnico de lavandaria), lavar os vidros (técnico de limpeza). Tem a ver com gestão de expectativas, os erros e desapontamentos próprios da tentativa de alcançar essas expectativas, assim como a sua própria sensação permanente de nunca conseguir fazer nada bem.
Clemens von Wedemeyer, com o video "Die Probe" explora a possiblidade de questionarmos tudo mesmo no auge do triunfo com uma sequência que pretende recriar os 5 minutos que medeiam o anúncio de vitória dum presidente dum país não identificado e o seu discurso no comício partidário de celebração. Num loop perfeito, não conseguimos perceber onde começa a história, mas assistimos à dualidade de sentimentos do presidente eleito - entre a euforia da vitória inesperada e o desejo de renunciar - sem sabermos qual a sua decisão final.

O catering do Guggenheim também não era nada de deitar fora e, à noite, ainda tivemos direito a jantar, bebidas e pista de dança no Pan-Am lounge, um último andar com terraço - e uma vista fabulosa - na parte ocidental. Sabemos que estamos na parte ocidental quando os bonecos dos semáforos deixam de ser atarracados e de chapéu (!). Oferta do Deutch Bank, claro.

1 comentário:

pedro disse...

Cristina
obrigado pela partilha destas vivências, que são únicas e fantásticas. Falta o prometido: uma sequência da iconografia RDA captada pela tua máquina e o nome ou imagem do monumento (?) que é composto por enormes paralelipipedos alusivo ao holocausto ...