quarta-feira, março 11, 2009

#4

O Alyne do Piece of Quiet respondeu assim ao seu desafio:





«O desafio que tinha lançado saiu-me ao contrário: Numa troca, ainda por explicar a mim próprio, apresentei primeiro o que poderia ser o resultado da questão, e publiquei posteriormente o que deveria ser o ponto de partida com o título 'Apetecer' ( que usa o mesmo gesto, mas transformado). Entalado assim num loop temporal, já não pude responder a minha própria questão, para qual - sonso - já tinha a resposta de antemão.

O desafio transformou-se num monstro à minha frente. Bem feito.

Agora, o que me resta é a mão transmissora do impulso e do seu gesto.
Resta-me elaborar uma holografia artesanal do processo que se situa entre a ideia e o decalque matérico.
Preencher os interstícios irrecuperáveis, porque são eles que acomodam o caos de Lorenz.

O desfecho determina-se na interferência mútua entre o idealizado, a realidade, a representação dessa , e os momentos perdidos na fricção com a matéria.»

in http://pieceofquiet.blogspot.com/2009/03/resposta-ao-desafio.html

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9 comentários:

Luísa R. disse...

A luta entre a luz e a sombra deixou marcas na tua mão.

A matrioska está fantástica - não me canso de olhar para ela.

E o texto, como sempre, é muito bom.

pedro disse...

"enganos" conscientes ou inconscientes, salta-me a beleza do desenho, aquele purinho com que salpicas o todo, aqui e ali, artesanal quanto baste. o caos "programado" não perde e até ganha na manipulação digital, que me leva a questionar outras coisas ;o) e é isso que é bom ... a mão esquerda suja e a mão esquerda limpa coabitam no mesmo espaço (temporal?), mas mostras que o tempo artesanal deixa marcas no estirador ...

tantas ideias que me deste, soluções ...

luisa, sê boazinha e sem arrogância pictórica explica-me onde vez a matriosca ;o)

Luísa R. disse...

Eu vejo uma imagem dentro de uma imagem, dentro de uma imagem...

Mas pode ser impressão minha.
Todos os meus comentários foram feitos já bem de noite, por isso podem ter acusado algum sono à mistura (como avisei nos comentários no post da Cristina)

Ou estavas a pensar, literalmente, numa boneca russa?
Era só uma metáfora mas, pelos vistos, saíu-me ao lado...
É para eu aprender a não fazer comentários às 4h30 da manhã.

Espero não ter usado arrogância pictórica (?!)

Alyne disse...

Ia perguntar mesmo pela Matriosca, mas agora já percebí...Claro que lá está, no entanto o que importa são as ligeiras diferênças entre elas, o espaço intersticial,...
Fico contente com tantos reparos :)

Luísa R. disse...

e por causa das ligeiras diferenças entre elas é que gostei muito e fiquei uma data de tempo a tentar ver o que se repetia (ou não).

pedro disse...

ahhhh, ok ... o que me preocupa é nem sequer ter chegado perto da tua (aliás lógica) metáfora ... vou tentar o centrum que tem vitaminas de A a Zinco

cristina disse...

Muito bom.
Os trabalhos que constroem a realidade através de diversos níveis de ficção e que rompem com uma estrutura temporal da narrativa são raros e, por isso, preciosos.
O conceito de matrioska não deve fazer parte do léxico masculino... para mim a alusão era óbvia

Luísa R. disse...

Obrigada, Cristina ;O)

Alyne disse...

A Matriosca não é nova, claro. Remeto para Magritte, Escher, até Velásquez. Mormalmente fecham-se sobre si próprio. O que me interessava aqui é precisamente a abertura, não ser um jogo circular, mas um processo espiralado e evolutivo. Aí entra a noção do tempo, mas também a vontade de preencher o espaço entre os braços da espiral - ou seja: intoduzir uma trajectória perpendicular ao tempo, encontrar uma entidade visual como o número 'i' na matemática. Isso é tudo muito intuitivo, nem eu percebo bem...