segunda-feira, fevereiro 11, 2008

The hills are alive - magic mountain

O romance parece-me uma tecelagem complexa, onde estão presentes temas universais, como a sedução do amor e da morte e a fragilidade humana perante a efemeridade da vida. No sanatório, a doença, para além de levar a uma requalificação da nossa ordem de valores duma forma intemporal, relativamente à época em que foi escrito, simbolizava também a "doença" da sociedade europeia capitalista antes da primeira guerra mundial. Isto é, o sanatório funciona como microcosmos da Europa, revelando os primeiros sintomas da irracionalidade e autismo das sociedades em questão.

Quando se sobe a montanha, o primeiro choque tem a ver com o tempo e forma como é medido, aproveitado, etc. A medida de tempo na montanha torna obsoleto o uso de relógio, porque o confronto com a doença, a inexorabilidade do espaço e a inclemência do clima leva à marcação de outras unidades temporais.

Reflexões sobre a Força e o Direito, a Tirania e a Liberdade, a Superstição e a Ciência, o princípio da conservação e o do movimento, que condicionam o caminho do progresso, são discutidos a par com os impulsos da atracção amorosa, os valores da amizade, a corrupção do corpo e do espírito.

Os óleos que irei postar são apenas marcações laterais de pormenores físicos que acompanham e marcam as reflexões filosóficas dos personagens. Há uma altura em que alguém diz que as pessoas estúpidas devem ser sadias e ordinárias, a "doença deve tornar as criaturas finas, inteligentes e com personalidade."

2 comentários:

pedro disse...

pela descrição deve ser bem melhor que o "aquista", que tb versa a temática do sanatório, mas transformou-me num anti hermann hesse militante, pela sua chatura e intolerância ...
a propósito do mann, como só li a morte em veneza, não achas tb que aquela gente cheia de mordomias tinha sempre tempo para tudo e especialmente para tertuliar. ou seja, o excesso de tempo não era exclusivo do sanatório, mas sim da vida deles (?)

cristina disse...

O excesso de tempo livre era, de facto, uma característica das classes altas desse tempo. Mas no sanatório é exarcebado porque o ritmo quotidiano é regulado superiormente, o que faz com que todos estejam juntos e livres em simultâneo.