sexta-feira, abril 24, 2009

#1 déjà vu

Um mês depois, como combinado, o Alyne responde ao desafio do Pedro:





«Quando ocorre, foge logo. Não se enquadra em razão nem no apontar do dedo.
A ciência desemboca na aceitação vagorosa. Talvez a antecipação nas artes marciais seja o Déjá Vu induzido e aplicado. Talvez a razão de eu estar em Portugal tenha a ver com o aroma de uma sopa em Angola.
Há os que são fulgurantes como uma flashada de polaroid, mas há-los lentos e insinuantes também. Têm outro nome, então.
Não me lembro do último - tipo relâmpago. Deve estar na sua natureza, esvanecer-se sem rasto.»

in http://pieceofquiet.blogspot.com/2009/04/quando-ocorre-foge-logo.html

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5 comentários:

pedro disse...

Gosto muito dos textos que têm acompanhado os trabalhos. abrem portas, outros caminhos, arrumam-me as ideias...

A sensação é esta, uma mistura de imagens que disputam entre si o protagonismo do 1º plano. É uma batalha cerebral, com imagens a tentar eliminar outras. destacam-se as mãos q afinal são a ausência delas, em planos flutantes, trespassadas por outros, quem sabe postos ali por um enigmático jogo de espelhos

Luísa R. disse...

Gosto muito da escrita do Alyne. E do trabalho dele. E da mistura dos dois.

Alyne disse...

Obrigado pelos comentários. A imagem é um pormenor do painel 'Be-Greifen', (não consigo traduzir, mas é um verbo alemão que significa 'compreender', sendo a raíz da palavra 'greifen' algo como ' agarrar com as mãos'.
Ainda pode ser visto até ao fim do mês na galeria Ratton em Lisboa.

pedro disse...

Tb me pareceu um fragmento, aliás bem escolhido. Vamos lá passar ...

cristina disse...

É nesse agarrar do conhecimento com as mãos ausentes que se dá o reconhecimento do déjà-vu. É uma sombra que não se deixa agarrar, um vestígio que nunca chega a concretizar-se. O verbo é fabuloso. Às vezes a raíz etimológica das palavras é uma surpresa que enriquece brutalmente o sentido que elas têm. E voilá, estamos prontos para o próximo exercício.