#1 déjà vu
Um mês depois, como combinado, o Alyne responde ao desafio do Pedro:
«Quando ocorre, foge logo. Não se enquadra em razão nem no apontar do dedo.
A ciência desemboca na aceitação vagorosa. Talvez a antecipação nas artes marciais seja o Déjá Vu induzido e aplicado. Talvez a razão de eu estar em Portugal tenha a ver com o aroma de uma sopa em Angola.
Há os que são fulgurantes como uma flashada de polaroid, mas há-los lentos e insinuantes também. Têm outro nome, então.
Não me lembro do último - tipo relâmpago. Deve estar na sua natureza, esvanecer-se sem rasto.»
A ciência desemboca na aceitação vagorosa. Talvez a antecipação nas artes marciais seja o Déjá Vu induzido e aplicado. Talvez a razão de eu estar em Portugal tenha a ver com o aroma de uma sopa em Angola.
Há os que são fulgurantes como uma flashada de polaroid, mas há-los lentos e insinuantes também. Têm outro nome, então.
Não me lembro do último - tipo relâmpago. Deve estar na sua natureza, esvanecer-se sem rasto.»
in http://pieceofquiet.blogspot.com/2009/04/quando-ocorre-foge-logo.html
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5 comentários:
Gosto muito dos textos que têm acompanhado os trabalhos. abrem portas, outros caminhos, arrumam-me as ideias...
A sensação é esta, uma mistura de imagens que disputam entre si o protagonismo do 1º plano. É uma batalha cerebral, com imagens a tentar eliminar outras. destacam-se as mãos q afinal são a ausência delas, em planos flutantes, trespassadas por outros, quem sabe postos ali por um enigmático jogo de espelhos
Gosto muito da escrita do Alyne. E do trabalho dele. E da mistura dos dois.
Obrigado pelos comentários. A imagem é um pormenor do painel 'Be-Greifen', (não consigo traduzir, mas é um verbo alemão que significa 'compreender', sendo a raíz da palavra 'greifen' algo como ' agarrar com as mãos'.
Ainda pode ser visto até ao fim do mês na galeria Ratton em Lisboa.
Tb me pareceu um fragmento, aliás bem escolhido. Vamos lá passar ...
É nesse agarrar do conhecimento com as mãos ausentes que se dá o reconhecimento do déjà-vu. É uma sombra que não se deixa agarrar, um vestígio que nunca chega a concretizar-se. O verbo é fabuloso. Às vezes a raíz etimológica das palavras é uma surpresa que enriquece brutalmente o sentido que elas têm. E voilá, estamos prontos para o próximo exercício.
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